Oficina Para Jovens - ONG SPECTACULU



Com o objetivo de aprofundar as reflexões sobre a relação entre a arte e a promoção de saúde, o grupo Roda Gigante vêm realizando oficinas com profissionais da saúde e jovens.
Após 15 anos atuando em enfermarias, acreditamos que o palhaço pode intervir não só no cotidiano dos hospitais, mas colaborar de maneira eficaz para a manutenção da saúde de jovens através de atividades que potencialize sua ação criativa.
As oficinas para jovens são realizadas em parceria com ONG`s ou grupos que atuem próximos aos hospitais nos quais o Roda Gigante realiza suas atividades.
A última “Roda de Palhaço”aconteceu na Spectaculu, próximo ao Hospital dos Servidores do Estado, zona portuária do Rio de Janeiro.
A Spectaculu* é uma Organização civil sem fins lucrativos, de Utilidade Pública Federal,criada em 1999 por Gringo Cardia e Marisa Orth, que tem como missão integrar o adolescente em situação de risco, trabalhando a sua consciência crítica, auto estima e seus direitos através da arte e de uma profissão ligada à área dos espetáculos, da imagem e da tecnologia.
A oficina do grupo Roda Gigante durou três dias e contou com uma média de 25 jovens que frequentam os cursos da Spectaculu.
Os conteúdos abordados na "Roda de Palhaço" estão diretamente relacionados com o treinamento dos palhaços do grupo Roda Gigante - a disponibilidade para o jogo, o olhar, a escuta, a comicidade a partir da fisicalidade e do que há de singular em cada um.
Através de jogos e brincadeiras, com muito bom humor, passamos por questões que dizem respeito diretamente ao ofício do palhaço e que se desdobraram em outras tantas questões quando nos propusemos a nos encontrar com jovens entre 16 e 22 anos!
O médico hebiatra - que cuida de adolescentes! - e bailarino Felipe Fortes é integrante do Roda Gigante e nesta oficina, em especial, se dedicou a falar sobre o "não-lugar" entre a infância e a fase adulta que o adolescente ocupa. Falou sobre as transformações que ocorrem no corpo do adolescente, sobre libido e sobre a potência de vida que tem um jovem desta faixa etária. - Para onde direcionamos toda essa potência? Onde investimos toda essa força? Que escolhas fazemos?
Em meio a tantas perguntas, chegamos à figura do palhaço no hospital e a escolha dos artistas em buscar encontros potentes naquele ambiente.
E então falamos sobre criatividade, sobre autonomia sobre seu corpo, sobre experiências sensíveis.
O encontro com jovens na Spectaculu foi disparador de questões que mereciam ser revisitadas, tais como: qual a diferença entre ser palhaço e ser um artista no palco? O que o palhaço tem de essencial, que é só dele? Um ator não pode jogar como um palhaço sem ser palhaço?
Essa pergunta ficou na minha cabeça de coordenadora artística/educadora/palhaça/diretora.
E voltamos para o hospital e para o show da banda e para as apresentações do Troca de Plantão para a platéia infantil. E a pergunta ali. Norteando, orientando, uma bússola!
Entramos na cena e repito para os artistas: não esqueçam que nós somos palhaços.
Intimamente sabemos o que isso que dizer a cada um de nós.
Agora espero pela próxima oficina para tentar entender como isso pode ser traduzido na metodologia de trabalho, colocado em prática, dito no jogo. Esse tem sido o grande prazer destas oficinas!


-Flávia Reis
Flávia Reis é palhaça e coordenadora artística do grupo Roda Gigante.

Veja e baixe fotos desta oficina por este link.

*A Spectaculu oferece a jovens de 16 a 22 anos oriundos de áreas de situação de risco social do Rio de Janeiro, matriculados na rede pública de ensino, oficinas gratuitas de qualificação profissional e construção cidadã, divididas em 2 núcleos: Núcleo de Artes Cênicas, com oficinas técnicas de Iluminação Cênica; Cenotécnica e Adereços; Contraregragem e Camarim; Maquiagem e Cabelo, e o Núcleo de Artes Visuais e Tecnologia, com oficinas técnicas de Vídeo, Fotografia, Computação Gráfica e Design Gráfico. Os dois Núcleos contam também
com as oficinas de “palavra” (reforço à prática da leitura e da escrita), “filosofia” (temáticas sociais de direitos e identidades, cultura geral e informação) e interpretação teatral, que complementam a visão de formação de consciência crítica acimade qualquer técnica; além de um Núcleo de Trabalho – a Spectaculu Produções que organiza os alunos formados na prestação de serviços profissionais, funcionando como uma central capaz de articular novos estágios para desenvolvimento da vida profissional.
A Spectaculu existe há 10 anos, e além de oferecer formação técnica possibilita a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Por lá já passaram mais de 800 alunos e já conseguimos mais de 2.000 vagas de trabalhos temporários ou fixos. Alguns alunos já viajaram em produções no exterior (França, Inglaterra, Suíça, Alemanha e Estado Unidos) e vários estão nos grandes teatros da cidade e nas produtoras de audiovisual.