06 e 07 NOV peça "Troca de Plantão" - Teatro SESI S.José do Rio Preto (SP)

09 NOV Show "O Sentido da Vida" Festival X Tudo Cultural - Teatro SESI Graça Aranha (RJ) 

13 e 14 NOV peça "Troca de Plantão" - Teatro SESI Franca (SP)

19 NOV Show "O Sentido da Vida" - Lona Herbert Vianna - Maré (RJ), 10h

20 e 21 NOV peça "Troca de Plantão" - Teatro SESI Araraquara (SP)

25 NOV Show "O Sentido da Vida" - Teatro Odylo Costa Filho - UERJ 

27 e 28 NOV peça "Troca de Plantão" - Teatro SESI Rio Claro (SP)

04 e 05 DEZ peça "Troca de Plantão" - Teatro SESI S.José dos Campos (SP)

11 DEZ Show "O Sentido da Vida" - Centro Cultural Waly Salomão (AfroReggae) - Vigário Geral (RJ)
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Troca de Plantão no HFB e IPPMG e na lona Crescer e Viver



Dia 14 de outubro a tenda foi armada na Praça da Liberdade do Hospital Federal de Bonsucesso para receber os palhaços do grupo Roda Gigante em sua apresentação da peça "Troca de Plantão". Foi um dia quente com a platéia animada e especial do hospital.

Dia 15 de outubro foi a vez da apresentação no espaço do "Crescer e Viver", numa apresentação única já na nova localidade. Agora a lona está ainda mais perto do metrô da Praça 11! Grande parceria!

Dia 20 de outubro foi a vez da apresentação no Anfiteatro do IPPMG-Fundão.

Com uma platéia lotada que misturava residentes, médicos, funcionários, pacientes e seus parentes, os palhaços do grupo Roda Gigante apresentaram seu espetáculo teatral comemorando o dia das crianças.
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Roda Gigante em "A Teatralidade do Humano"

Uma grande intervenção de diversos números circenses ocupará os espaços externos, as escadas e o bistrô do centro cultural: “As Marias da Graça”, o grupo “Roda Gigante”, o “Circo Dux”, o palhaço “Tchesco”, o palhaço “Dudu” e o palhaço “Xuxu” vão apresentar toda irreverência, anarquia e loucura dos palhaços no Oi Futuro do Flamengo.
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Lançamento do catálogo da Cia. do Gesto-projeto "Rir É Viver"


A Cia. do Gesto lançou seu catálogo artístico-fotográfico “Rir é Viver - Imagens”, livro que reúne as imagens captadas pelos fotógrafos Bruno Poppe e Celso Pereira nos três anos de trabalho do grupo em doze instituições do Rio de Janeiro. Foi uma noite com vários convidados especiais no Teatro Sérgio Porto (RJ).

Dividindo a noite estavam  As Marias da Graça, o pessoal do Boa Praça, e ainda Patrícia Ubêda, e a galera do Cabaret Gestual. O grupo Roda Gigante também participou da noite com o "Catálogo de Risadas" recolhido pelos palhaços Adamastor e Inácio em suas pesquisas pelos corredores do hospital Salgado Filho.

Fechando a comemoração, a platéia pôde assistir o espetáculo "A Margem", espetáculo que volta ao Rio depois de anos circulando pelo Brasil.
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Ciência e Arte na FioCruz com Show "O Sentido da Vida"



Dia 20 de Setembro o Roda Gigante participou da abertura do “Ciência e Arte 2010” na Fundação Oswaldo Cruz com o show O Sentido da Vida. Era o início de muitas celebrações; a Fiocruz comemorando 110 anos, os cursos de Ciência e Arte do Instituto Oswaldo Cruz completando 10 anos e a Tenda da Ciência festejando o sucesso de suas atividades.
Os palhaços do Roda Gigante invadiram a Fundação para encontrar cientistas, educadores, profissionais da saúde, artistas, um público especial que estava ali para dialogar sobre as possibilidades de reaproximação das ciências, as artes e as culturas,  necessidade emergente para a promoção da qualidade de um pensamento criativo fundamental para inovação em todos os campos da sociedade.
O show aconteceu na Tenda da Ciência, onde os palhaços apresentaram seu repertório elaborado a partir da experiência nas enfermarias e de um olhar particular sobre a vida.
Mas... Qual é o sentido da vida? Está nos olhos de nossos rebentos? Está na poesia? Dia 20 de Setembro o sentido da vida estava no encontro dos olhares, da música, do riso, do espaço, das idéias. O palhaço que precisa do outro para existir, que só faz sentido quando está em relação, agradece por este potente encontro.

Cristiana Brasil – Batuca.

Você pode conferir as fotos do evento clicando neste link.
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"Troca de Plantão" no HUPE, HSE e HSF


Final de agosto e início de setembro foi época de apresentar a peça "Troca de Plantaõ" para alguns de nossos hospitais parceiros. Dia 27 de agosto foi a vez do Hospital Universitário Pedro Ernesto. Aproveitando o Congresso "Saúde do Homem", o grupo apresentou seu espetáculo para uma linda platéia na tenda armada no estacionamento do hospital.
Dia 1 de setembro, os palhaços ocuparam o Espaço Amendoeira do Hospital dos Servidores do Estado. A peça foi apresentada ao ar livre num dia com céu aberto e a praça cheia de pacientes, médicos, enfermeiras e demais funcionários do hospital.
Seguimos então para o Méier! Dia 3 de setembro no Auditório do Hospital Salgado Filho, os palhaços do grupo fizeram mais uma apresentação de sua peça. Foram excelentes momentos com presença marcante de vários pacientes e acompanhantes que puderam comparecer e prestigiar o evento.
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Oficina Para Jovens - ONG SPECTACULU



Com o objetivo de aprofundar as reflexões sobre a relação entre a arte e a promoção de saúde, o grupo Roda Gigante vêm realizando oficinas com profissionais da saúde e jovens.
Após 15 anos atuando em enfermarias, acreditamos que o palhaço pode intervir não só no cotidiano dos hospitais, mas colaborar de maneira eficaz para a manutenção da saúde de jovens através de atividades que potencialize sua ação criativa.
As oficinas para jovens são realizadas em parceria com ONG`s ou grupos que atuem próximos aos hospitais nos quais o Roda Gigante realiza suas atividades.
A última “Roda de Palhaço”aconteceu na Spectaculu, próximo ao Hospital dos Servidores do Estado, zona portuária do Rio de Janeiro.
A Spectaculu* é uma Organização civil sem fins lucrativos, de Utilidade Pública Federal,criada em 1999 por Gringo Cardia e Marisa Orth, que tem como missão integrar o adolescente em situação de risco, trabalhando a sua consciência crítica, auto estima e seus direitos através da arte e de uma profissão ligada à área dos espetáculos, da imagem e da tecnologia.
A oficina do grupo Roda Gigante durou três dias e contou com uma média de 25 jovens que frequentam os cursos da Spectaculu.
Os conteúdos abordados na "Roda de Palhaço" estão diretamente relacionados com o treinamento dos palhaços do grupo Roda Gigante - a disponibilidade para o jogo, o olhar, a escuta, a comicidade a partir da fisicalidade e do que há de singular em cada um.
Através de jogos e brincadeiras, com muito bom humor, passamos por questões que dizem respeito diretamente ao ofício do palhaço e que se desdobraram em outras tantas questões quando nos propusemos a nos encontrar com jovens entre 16 e 22 anos!
O médico hebiatra - que cuida de adolescentes! - e bailarino Felipe Fortes é integrante do Roda Gigante e nesta oficina, em especial, se dedicou a falar sobre o "não-lugar" entre a infância e a fase adulta que o adolescente ocupa. Falou sobre as transformações que ocorrem no corpo do adolescente, sobre libido e sobre a potência de vida que tem um jovem desta faixa etária. - Para onde direcionamos toda essa potência? Onde investimos toda essa força? Que escolhas fazemos?
Em meio a tantas perguntas, chegamos à figura do palhaço no hospital e a escolha dos artistas em buscar encontros potentes naquele ambiente.
E então falamos sobre criatividade, sobre autonomia sobre seu corpo, sobre experiências sensíveis.
O encontro com jovens na Spectaculu foi disparador de questões que mereciam ser revisitadas, tais como: qual a diferença entre ser palhaço e ser um artista no palco? O que o palhaço tem de essencial, que é só dele? Um ator não pode jogar como um palhaço sem ser palhaço?
Essa pergunta ficou na minha cabeça de coordenadora artística/educadora/palhaça/diretora.
E voltamos para o hospital e para o show da banda e para as apresentações do Troca de Plantão para a platéia infantil. E a pergunta ali. Norteando, orientando, uma bússola!
Entramos na cena e repito para os artistas: não esqueçam que nós somos palhaços.
Intimamente sabemos o que isso que dizer a cada um de nós.
Agora espero pela próxima oficina para tentar entender como isso pode ser traduzido na metodologia de trabalho, colocado em prática, dito no jogo. Esse tem sido o grande prazer destas oficinas!


-Flávia Reis
Flávia Reis é palhaça e coordenadora artística do grupo Roda Gigante.

Veja e baixe fotos desta oficina por este link.

*A Spectaculu oferece a jovens de 16 a 22 anos oriundos de áreas de situação de risco social do Rio de Janeiro, matriculados na rede pública de ensino, oficinas gratuitas de qualificação profissional e construção cidadã, divididas em 2 núcleos: Núcleo de Artes Cênicas, com oficinas técnicas de Iluminação Cênica; Cenotécnica e Adereços; Contraregragem e Camarim; Maquiagem e Cabelo, e o Núcleo de Artes Visuais e Tecnologia, com oficinas técnicas de Vídeo, Fotografia, Computação Gráfica e Design Gráfico. Os dois Núcleos contam também
com as oficinas de “palavra” (reforço à prática da leitura e da escrita), “filosofia” (temáticas sociais de direitos e identidades, cultura geral e informação) e interpretação teatral, que complementam a visão de formação de consciência crítica acimade qualquer técnica; além de um Núcleo de Trabalho – a Spectaculu Produções que organiza os alunos formados na prestação de serviços profissionais, funcionando como uma central capaz de articular novos estágios para desenvolvimento da vida profissional.
A Spectaculu existe há 10 anos, e além de oferecer formação técnica possibilita a inserção dos jovens no mercado de trabalho. Por lá já passaram mais de 800 alunos e já conseguimos mais de 2.000 vagas de trabalhos temporários ou fixos. Alguns alunos já viajaram em produções no exterior (França, Inglaterra, Suíça, Alemanha e Estado Unidos) e vários estão nos grandes teatros da cidade e nas produtoras de audiovisual.


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Sobre o Curso de Formação Pedagógica para a Preceptoria


No início deste ano o Hospital Universitário Pedro Ernesto foi convidado, pela terceira vez, para participar do Programa Faimer (Foundation for Advancement of International Medical Education and Research) de Desenvolvimento Docente. Uma fundação sem fins lucrativos criada com recursos do Educational Comission for Foreign Medical Graduates dos Estados Unidos, voltada para a criação de uma comunidade de educadores nas áreas de saúde de países em desenvolvimento, visando contribuir para a melhoria da saúde das populações através de qualificação dos profissionais em seus países de origem. E a indicada pela Direção Geral para representar o hospital foi a Profª. Denise Herdy Afonso médica e coordenadora da Coordenadoria de Desenvolvimento Acadêmico (CDA). 
Ao participar da primeira atividade (que terá duração de dois anos), a professora constatou o pioneirismo e a vanguarda do HUPE e da CDA em promover e desenvolver atividades e projetos como: Semana de Ambientação dos Residentes, YouHupe, ComVivência, ComFiando, Fórum Permanente de Residência. 
A partir daí, foi delineada a ideia de consolidar estas atividades de Residência em um programa de desenvolvimento acadêmico do HUPE para os educadores na área de saúde, tendo entre seus objetivos o incentivo a produção científica na área de educação de profissionais da saúde. “Trabalhar uma questão relevante para o HUPE: qualificar a Residência. Com este foco identificar o que é necessário mudar estrutural e/ou pedagogicamente”, afirma Denise Herdy. Sendo três os principais eixos estruturantes do programa: Educação, Cuidado e Gestão do trabalho em Saúde. 
O passo seguinte foi buscar parcerias como a Sub-reitoria de Extensão e Pesquisa, o Centro Biomédico, o Telessaúde Núcleo - Rio de Janeiro e grupo Roda Gigante (responsável pelos Doutores Palhaços). 
Assim, sob a coordenação da CDA e do Núcleo de Apoio Psicopedagógico ao Residente (NAPPRE), o HUPE lança o novo programa de capacitação. 
O foco do curso é dar continuidade às discussões e reflexões iniciadas no Fórum Permanente de Residência em que as avaliações apontaram a necessidade de aperfeiçoamento pedagógico para o exercício da preceptoria, proporcionando uma capacitação pedagógica para os preceptores do HUPE (das diferentes áreas da saúde), direcionada pelas políticas públicas da Saúde e da Educação. Por meio de discussões presenciais e virtuais, conhecer e praticar diferentes modos de fazer educação na saúde. A partir daí, reconhecer a educação como um saber específico e necessário, a prática como espaço de produção de saber e atender às metas definidas por órgãos reguladores. Estimulando a produção científica na área da educação, ampliar a competência pedagógica, multiplicar esta metodologia no HUPE, desenvolver projetos individuais e coletivos, qualfiicando os programas de Residência e consolidando a Educação Permanente no HUPE.
Neste contexto, os artistas-educadores do grupo Roda Gigante criaram uma oficina sob medida para o curso de preceptoria. Com três encontros presenciais, a oficina teve como objetivo sensibilizar o grupo para a vivência de uma experiência sensível que revelasse outras possibilidades de olhar sobre a instituição hospitalar e a prática da preceptoria.

A oficina se dividiu em três encontros presenciais:
 – Encontro 1: fora do ambiente de trabalho, em uma sala ampla e vazia da UERJ, os palhaços do Roda Gigante e o grupo de preceptores exercitaram o olhar, a escuta, a relação com o outro.  Foi estabelecido um espaço de cumplicidade entre os preceptores para o desenvolvimento das atividades do curso que estava apenas começando.
 – Encontro 2: residentes e preceptores se encontraram no hospital, mas de uma forma diferente da habitual. Com roupas adequadas para movimentar o corpo, o grupo experimentou tratar de temas relacionados à prática da preceptoria e formação do residente através de jogos e brincadeiras. Os artistas-educadores do Roda Gigante buscaram trabalhar a relação de confiança, parceria, liderança, assim como fazemos quando colocamos dois palhaços juntos em cena ou nos propuzemos a construir uma cena junto com uma criança na enfermaria.  Fizemos uma espécie de mediação entre preceptores e residentes que puderam retornar ao seu espaço de trabalho como cúmplices, estreitando os laços e ampliando as possibilidades para se pensar o processo de ensino/aprendizagem entre os grupos. Todos imersos no mesmo processo, sendo co-responsáveis pelo sucesso do mesmo.
- Encontro 3 - em um ambiente cotidiano de trabalho - o auditório do hospital - propusemos uma atividade alinhada com a situação problema trabalhada no curso: o que precisa mudar para haver mudança? Divididos em grupos os preceptores discutiram sobre a sua prática cotidiana, tendo como material disparador das questões o texto "Cartografia Sentimental - transformações contemporâneas do desejo", de Suely Rolnik. A etapa seguinte foi visitar o hospital buscando um olhar estrangeiro sobre aquele espaço. Como o palhaço que, quando chega, se relaciona com crianças, médicos, enfermeiros, pessoal da limpeza, "guardetes" como se fosse a primeira vez. Para esta atividade, os grupos de estudo criaram estratégias que provocassem um deslocamento de posição, função ou que forçasse um deslocamento de olhar sobre a insituição hospitalar. De olhos vendados, utilizando uniformes diferentes dos habituais jalecos brancos ou ouvindo estórias no corredor, o grupo pôde vivenciar uma experiência sensível, ter percepções diferenciadas daquelas do seu dia a dia, considerando estas sensações como parte da formação e constituição daquela instituição.
O CURSO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA PARA A PRÁTICA DA PRECEPTORIA segue adiante! Uma possibilidade para que os palhaços- artistas-educadores do Roda Gigante possam aprofundar sua relação com os profissionais deste hospital e assim  "criar novas pontes para fazer sua travessia" , caminho inventado enquanto caminhamos. Parece que estamos em uma boa direção!

Flávia Reis - palhaça, artista-educadora e coordenadora artística do Grupo Roda GIgante.

Segue ao lado o texto de Suely Rolnik. 
Baixe alguns registros feitos por Fabio Caffe durante a oficina com os preceptores neste link.


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Cartografia Sentimental - por Suely Rolnik

CARTOGRAFIA SENTIMENTAL

Encontrar é achar, é capturar, é roubar, mas não há método para achar, só uma longa preparação. Roubar é o contrário de plagiar, copiar, imitar ou fazer como. A captura é sempre uma dupla-captura, o roubo, um duplo-roubo, e é isto o que faz não algo de mútuo, mas um bloco assimétrico, uma evolução a-paralela, núpcias sempre “fora” e “entre”.

Gilles Deleuze e Claire Parnet, Dialogues

Cartografia: uma definição provisória

Para os geógrafos, a cartografia - diferentemente do mapa, representação de um todo estático - é um desenho que acompanha e se faz ao mesmo tempo que os movimentos de transformação da paisagem.
            Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso, acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchamento de certos mundos - sua perda de sentido - e a formação de outros: mundos que se criam para expressar afetos contemporâneos, em relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos.
            Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos que pedem passagem, dele se espera basicamente que esteja mergulhado nas intensidades de seu tempo e que, atento às linguagens que encontra, devore as que lhe parecerem elementos possíveis para a composição das cartografias que se fazem necessárias.
            O cartógrafo é antes de tudo um antropófago.


O cartógrafo
A prática de um cartógrafo diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das formações do desejo no campo social. E pouco importa que setores da vida social ele toma como objeto. O que importa é que ele esteja atento às estratégias do desejo em qualquer fenômeno da existência humana que se propõe perscrutar: desde os movimentos sociais, formalizados ou não, as mutações da sensibilidade coletiva, a violência, a deliqüência...até os fantasmas, inconscientes e os quadros clínicos de indivíduos, grupos e massas, institucionalizados ou não.
            Do mesmo modo, pouco importam as referências teóricas do cartógrafo. O que importa é que, para ele, teoria é sempre cartografia - e, sendo assim, ela se faz juntamente com as paisagens cuja formação ele acompanha (inclusive a teoria aqui apresentada, naturalmente). Para isso, o cartógrafo absorve matérias de qualquer procedência. não tem o menor racismo de freqüência, linguagem ou estilo. Tudo o que der língua para os movimentos do desejo, tudo o que servir para cunhar matéria de expressão e criar sentido, para ele é bem-vindo. Todas as entradas são boas, desde que as saídas sejam múltiplas. Por isso o cartógrafo serve-se de fontes as mais variadas, incluindo fontes não só escritas e nem só teóricas. Seus operadores conceituais podem surgir tanto de um filme quanto de uma conversa ou de um tratado de filosofia. O cartógrafo é um verdadeiro antropófago: vive de expropriar, se apropriar, devorar e desovar, transvalorado. Está sempre buscando elementos/alimentos para compor suas cartografias. Este é o critério de suas escolhas: descobrir que matérias de expressão, misturadas a quais outras, que composições de linguagem favorecem a passagem das intensidades que percorrem seu corpo no encontro com os corpos que pretende entender. Aliás, “entender”, para o cartógrafo, não tem nada a ver com explicar e muito menos com revelar. Para ele não há nada em cima - céus da transcendência -, nem embaixo - brumas da essência. O que há em cima, embaixo e por todos os lados são intensidades buscando expressão. E o que ele quer é mergulhar na geografia dos afetos e, ao mesmo tempo, inventar pontes para fazer sua travessia: pontes de linguagem.
            Vê-se que a linguagem, para o cartógrafo, não é um veículo de mensagens-e-salvação. Ela é, em si mesma, criação de mundos. Tapete voador...Veículo que promove a transcrição para novos mundos; novas formas de história. Podemos até dizer que na prática do cartógrafo integram-se história e geografia.
            Isso nos permite fazer mais duas observações: o problema, para o cartógrafo, não é o do falso-ou-verdadeiro, nem o do teórico-ou-empírico, mas sim o do vitalizante-ou-destrutivo, ativo-ou-reativo. O que ele quer é participar, embarcar na constituição de territórios existenciais, constituição de realidade. Implicitamente, é óbvio que, pelo menos em seus momentos mais felizes, ele não teme o movimento. Deixa seu corpo vibrar todas as freqüências possíveis e fica inventando posições a partir das quais essas vibrações encontrem sons, canais de passagem, carona para a existencialização. Ele aceita a vida e se entrega. De corpo e língua.
            Restaria saber quais são os procedimentos do cartógrafo. Ora, estes tampouco importam, pois ele sabe que deve “inventá-los” em função daquilo que pede o contexto em que se encontra. Por isso ele não segue nenhuma espécie de protocolo normalizado.
            O que define, portanto, o perfil do cartógrafo é exclusivamente um tipo de sensibilidade, que ele se propõe fazer prevalecer, na medida do possível, em seu trabalho. O que ele quer é se colocar, sempre que possível, na adjacência das mutações das cartografias, posição que lhe permite acolher o caráter finito e ilimitado do processo de produção da realidade que é o desejo. Para que isso seja possível, ele se utiliza de um “composto híbrido”, feito do seu olho, é claro, mas também, e simultaneamente, de seu corpo vibrátil, pois o que quer é aprender o movimento que surge da tensão fecunda entre fluxo e representação: fluxo de intensidades escapando do plano de organização de territórios, desorientando suas cartografias, desestabilizando suas representações e, por sua vez, representações estacando o fluxo, canalizando as intensidades, dando-lhes sentido. É que o cartógrafo sabe que não tem jeito: esse desafio permanente é o próprio motor de criação de sentido. Desafio necessário - e, de qualquer modo, insuperável - da coexistência vigilante entre macro e micropolítica, complementares e indissociáveis na produção de realidade psicossocial. Ele sabe que inúmeras são as estratégias dessa coexistência - pacífica apenas em momentos breves e fugazes de criação de sentido; assim como inúmeros são os mundos que cada uma engendra. É basicamente isso o que lhes interessa.
            Já que não é possível definir seu método (nem no sentido de referência teórica, nem no de procedimento técnico) mas, apenas, sua sensibilidade, podemos nos indagar: que espécie de equipamento leva o cartógrafo, quando sai a campo ?


Manual do cartógrafo
É muito simples o que o cartógrafo leva no bolso: um critério, um princípio, uma regra e um breve roteiro de preocupações - este, cada cartógrafo vai definindo e redefinindo para si, constantemente. O critério de avaliação do cartógrafo você já conhece: é o do grau de intimidade que cada um se permite, a cada momento, com o caráter de finito ilimitado que o desejo imprime na condição humana desejante e seus medos. É o do valor que se dá para cada um dos movimentos do desejo. Em outras palavras, o critério do cartógrafo é, fundamentalmente, o grau de abertura para a vida que cada um se permite a cada momento. Seu critério tem como pressuposto seu princípio.
            O princípio do cartógrafo é extramoral: a expansão da vida é seu parâmetro básico e exclusivo, e nunca uma cartografia qualquer, tomada como mapa. O que lhe interessa nas situações com as quais lida é o quanto a vida está encontrando canais de efetuação. Pode-se até dizer que seu princípio é um antipricípio: um princípio que o obriga a estar sempre mudando de princípios. É que tanto seu critério quanto seu princípio são vitais e não morais.
            E sua regra ? Ele só tem uma: é uma espécie de “regra de ouro”. Ela dá elasticidade a seu critério e a seu princípio: o cartógrafo sabe que é sempre em nome da vida, e de sua defesa, que se inventam estratégias, por mais estapafúrdias. Ele nunca esquece que há um limite do quanto se suporta, a cada momento, a intimidade com o finito ilimitado, base de seu critério: um limite de tolerância para a desorientação e a reorientação dos afetos, um “limiar de desterritorialização”. Ele sempre avalia o quanto as defesas que estão sendo usadas servem ou não para proteger a vida. Poderíamos chamar esse seu instrumento de avaliação de “limiar de desencantamento possível”, na medida em que, afinal, trata-se, aqui, de avaliar o quanto se suporta, em cada situação, o desencantamento das máscaras que estão nos constituindo, sua perda de sentido, nossa desilusão. O quanto se suporta o desencantamento, de modo a liberar os afetos recém-surgidos para investirem outras matérias de expressão e, com isso, permitir que se criem novas máscaras, novos sentidos. Ou, ao contrário, o quanto, por não se suportar esse processo, ele está sendo impedido. É claro que esse tipo de avaliação nada tem a ver com cálculos matemáticos, padrões ou medidas, mas com aquilo que o corpo vibrátil capta no ar: uma espécie de feeling que varia inteiramente em função da singularidade de cada situação, inclusive do limite de tolerância do próprio corpo vibrátil que está avaliada. A regra do cartógrafo então é muito simples: é só nunca esquecer de considerar esse “limiar”. Regra de prudência. Regra de delicadeza para com a vida. Regra que agiliza mas não atenua seu princípio: essa sua regra permite discriminar os graus de perigo e de potência, funcionando como alerta nos momentos necessários. É que, a partir de um certo limite - que o corpo vibrátil reconhece muito bem - a reatividade das forças deixa de ser reconversível em atividade e começa a agir no sentido da pura destruição de si mesmo e/ou do outro: quando isso acontece, o cartógrafo, em nome da vida, pode e deve ser absolutamente impiedoso.
            De posse dessas informações, podemos tentar definir melhor a prática do cartógrafo. Afirmávamos que ela diz respeito, fundamentalmente, às estratégias das formações do desejo no campo social. Agora, podemos dizer que ela é, em si mesma, um espaço de exercício ativo de tais estratégias. Espaço de emergência de intensidades sem nome; espaço de incubação de novas sensibilidades e de novas línguas ao longo do tempo. A análise do desejo, desta perspectiva, diz respeito, em última instância, à escolha de como viver, à escolha dos critérios com os quais o social se inventa, o real social. Em outras palavras, ela diz respeito à escolha de novos mundos, sociedades novas. A prática do cartógrafo é, aqui, imediatamente política.



Trechos de Suely Rolnik: Cartografia Sentimental, Transformações contemporâneas do desejo, Editora Estação Liberdade, São Paulo, 1989.

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Leia Sobre a Oficina do Roda Gigante para a Cia.Cirandeira do TEAR.


O Roda Gigante deu início às oficinas de palhaçaria para jovens de comunidades junto com a ONG TEAR. A oficina aconteceu nos dias 06, 08 e 09 de julho na sede da organização, localizada na Tijuca, bairro da zona norte do rio de janeiro.
O TEAR é uma organização que atua desde 1980 nas áreas da Educação, Arte e Cultura, no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil. A partir de 2002 como ONG, sendo reconhecido, em 2005, como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC). Tem como missão promover o desenvolvimento humano, nas dimensões éticas e estéticas, através da Arte-Educação, contribuindo à transformação social. Em 2004 o Instituto TEAR criou sua companhia artística, a CIA Cirandeira, composta por 30 jovens artistas, de 17 a 25 anos. Nosso encontro se deu com estes jovens.
A oficina do grupo Roda Gigante busca interromper as atividades cotidianas desse público e ser um convite para que algo novo se expresse em seus comportamentos. Através de encontros sutis, criamos um espaço para o exercício de disponibilizar o que há de mais original em nós, o que nos faz rir, o que nos faz ter prazer.
Com este grupo, trabalhamos durante 12 horas, os princípios que regem a atuação do palhaço no Grupo Roda Gigante. O palhaço existe a partir da sua relação com o outro.  A proposta de criar uma prática onde os conceitos de vinculo, emoção, percepção, escuta, sensibilidade, olhar e criatividade, podem ser potencializados, encontra o vigor e desejo de desenvolvimento artístico presente em cada um desses jovens. Nos três dias que configuraram nosso encontro revelou-se um espaço para compartilhar percepções, afloradas pelas práticas, oportunizando a cada um destes sujeitos expressarem-se sobre a relação com o outro, a qualidade desta relação, e como essa experiência pode se refletir na sua capacidade de interação na sociedade.
Abaixo, trechos retirados de avaliações feitas por todos os alunos, ao final do último dia de encontro:

“Os momentos mais bonitos são feitos das coisas mais simples”.
“Qual sensação me remete quando olho o outro? ... olhar e estar disponível para a troca. Não esperar, deixar fluir como um rio... Me fez refletir sobre algumas atitudes do meu eu como artista...sempre fui apaixonado por palhaços e com essa oficina eu tive a plena certeza de que essa figura que eu santificava tanto não está tão distante de mim... também é possível trabalhar com o desconforto... Antes: o que é o PALHAÇO? Alguém que me faz rir! Depois: o que é o PALHAÇO? Alguém que me faz ver! O que eu vejo? A mim // o outro: um sorriso nos olhos...Parece óbvio, simples mas fazer com que o encontro aconteça verdadeiramente é um grande desafio...de exercício em exercício acabamos nos unindo e percebendo que o palhaço, na sutileza de seus atos conquista a platéia de cabo a rabo...Ir ao encontro. E a troca. Surgiu, apareceu, conquistamos harmonia. O olhar foi cobrado. Ele não pode ser esquecido...Um meio de conhecer o próximo, de não temer o desconhecido. De abrir asas e voar sem medo. De olhar, respirar, apalpar ou não e seguir. De buscar dentro de SI um “eu” desconhecido. De inovar e aprender. De ser palhaço!?... levo algo importante para casa... ou para o palco... Eu componho e após a oficina pude observar mais coisas , que as quais me inspiraram ainda mais para escrever....Quebrando barreiras e construindo pessoas...pude vencer diferentes desafios, acordar mais o “se liga” e ver que o olhar tem poder na prática...é muito bom poder estar perto de todos com o olhar!... mudamos, avistamos, aproximamos, buscamos, conectamos, trocamos, damos, acolhemos, mudamos...percebi que o que sempre soube é da circularidade desses problemas que não têm começo. E, se eu carrego do dia um turbilhão, é porque a Roda soprou ventos fortes para mim.”
Rio de Janeiro, 10 de Julho de 2010.
CIA Cirandeira. (in relatórios)
Veja as fotos neste link.
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Azeitona na revista QUEM

Azeitona, a nossa palhaça mais global, adora mesmo aparecer. Olha ela na revista QUEM do mês de julho de 2010. Vale a pena checar a entrevista!
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1ª Oficina do RODA GIGANTE para a Cia Cirandeira, TEAR





A partir deste mês, cinco oficinas destinadas ao público jovem, serão realizadas nas comunidades do entorno dos hospitais. A primeira acontecerá nos dias 8, 9 e 13 de julho, em parceria com o Instituto de Arte TEAR, que atua na Tijuca.
O trabalho será voltado para os jovens da Companhia Cirandeira, criada em 2004 pelo TEAR. Com idade entre 17 e 25 anos, os integrantes moram em comunidades de baixa renda da Tijuca e atuam na criação e montagem de espetáculos de dança, teatro e música. Ainda em 2010, outras instituições que atuam na formação artística de jovens irão receber gratuitamente as oficinas.

As oficinas visam dividir com os alunos os princípios que regem a atuação do palhaço e apresentar como essa experiência pode se refletir na sua capacidade de interação na sociedade. Esta será a primeira vez que o grupo atuará nas comunidades. “A compreensão de que este trabalho se liga a uma filosofia com relação à vida fez com que a gente ampliasse o alcance de sua atuação para além das enfermarias”, explica Flávia Reis, coordenadora do projeto.

Ao interromper as atividades cotidianas dos jovens em comunidades, as oficinas se tornam um convite para que algo novo se expresse em seus comportamentos. “Através de encontros sutis, criamos um espaço para o exercício de disponibilizar o que há de mais original em nós, o que nos faz rir, o que nos faz ter prazer”, conclui Flávia. O princípio democrático desta prática cria um espaço de reflexão também no âmbito da cidadania.

Com patrocínio da Eletrobrás, ONS – Operador Nacional de Sistema Elétrico e Unimed Rio, o grupo vem participando ativamente da rotina dos hospitais cariocas, onde também irão promover oficinas para profissionais da saúde. A partir do fortalecimento da empatia, instrumento vital para uma humanizar as relações nos hospitais, estas oficinas irão estimular uma nova forma de prática profissional.

Em 2009, 17 mil pessoas foram atendidas pelo Roda Gigante entre pacientes, seus acompanhantes e profissionais da saúde. Este ano, com a ampliação do projeto para as comunidades, o grupo pretende aumentar este número para 19.800 pessoas.


Sobre o TEAR
O TEAR é uma organização que atua desde 1980 nas áreas da Educação, Arte e Cultura, no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil. A partir de 2002 como ONG, sendo reconhecido, em 2005, como Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura (MinC). Tem como missão promover o desenvolvimento humano, nas dimensões éticas e estéticas, através da Arte-Educação, contribuindo à transformação social. 
Na Internet: www.institutotear.org.br








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